A passagem do cantor nigeriano Davido em Moçambique, concretamente na cidade de Maputo, foi um dos assuntos que dominaram a ordem do dia no que diz respeito à relização de espectáculos no solo pátrio. E não é para menos, trata-se de um artista que furou o nosso mercado musical e não só de forma admirável.
Para ver, ouvir, tocar e dançar ao som do considerado mais popular de África, vindo directamente de Lagos, Nigéria, uma significativa legião de fãs do autor dos hits “Fall” e “If” dirigiu-se ao Campo do Ferroviário da Baixa no último sábado, local onde surpreendentemente artistas moçambicanos, os primeiros a actuar, assumiram postura de verdadeiras figuras de cartaz, invertendo a ideia de que, geralmente, estão neste tipo de evento simplesmente para distrair e queimar tempo até o protagonista, Davido, entrar em acção.
Euridse Jaque, Shellsy Baronet, Bander, Dygo Boy, Hot Blaze e Mr. Bow foram os privilegiados em dividir o palco do Ferroviário com “Mr. Ronaldo”. Porém, o destaque vai para Blaze e Mr. Bow que, com muita criatividade, presença em palco, interação e, acima de tudo, um repertório que foi ao encontro das espectativas do público, justificaram o porquê os Kambas terem seleccionado-os a fazer parte daquele evento.
Contudo, Hot Blaze trouxe os sucessos que fazem parte do seu primeiro álbum a solo, “Tesouro”, tendo sido acompanhado pelo público do primeiro ao últimos minuto da actuação. Blaze teve a certeza do quão tem um espaço especial no coração dos moçambicanos ao conseguir aglomerar o público entretido na fila dos bares e grupinhos de conversa.
Já Mr. Bow (sucedido por Davido), acompanhado pelos seus três bailarinos, bem indumentados, não perdeu a oportunidade de reiterar que é “The King of Mozambique”, numa actuação que, na verdade, não pertenceu a ele – o público mesmo já cansado de esperar a entrada de Davido, gritava, assobiava, dançava e assumia papel de corista de Mr. Bow que trouxe desde os temas actuais (“Meu assunto”, “Nitiketelile”, “Guilhermina”, “I´m Ready) aos mais antigos (Vida Boa e Massinguitane).
Depois de Bow, o suspense foi feito pela Alicia Adams, uma das mestres de cerimónia da noite, Pecado e Orlando dos (dos Kambas, jovens responsáveis pela vinda do cantor nigeriano).
E porque a figura de cartaz é uma das mais solicitadas para fazer participações com grandes nomes da música africana, Davido tomou o palco interepretando “Tchelete” e “My Number One”, feitas com os Mafikizolo e Dimound Platnumz.
Tal como os outros, Davido cantou feliz ou infelizmente em playback, coadjuvado pelo seu DJ que pelos vistos não só entende de misturas, como também de canto. A actuação de Davido caracterizou-se por momentos altos e baixos, já que a maioria do público conhece Davido graças a quatro temas: “If”, “Skelewu”, Fall” e “Aye”. Outra questão que, certamente, contribuiu para estas oscilações é o facto de suas músicas serem vibrantes, capazes de fazer qualquer um dançar, e em contrapartida não ter se apresentado com seus bailarinos.
Para apimentar a sua actuação, Davido optou em oferecer sua indumentária aos espectadores - atirou a camisa que travaja, camiseta e cinto para o delírio do público.
Os melhor momento foi, sem dúvida, a interpretação das “febres” “If” e Fall”, mas mesmo assim o cantor nigeriano que prepara-se para cantar em Angola não conseguiu superar Hot Blaze e Mr. Bow no seu próprio show.
Em suma, a actuação de Davido equipara-se a aquela famosa frase “cliché” que se ouve frequentemente nos debates quando um painelista pede a palavra e percebe-se que os comentários anteriores explicam da melhor forma possível o seu pensamento, limitando-se apenas a dizer “os meus colegas já disseram tudo”. Pois… Mr. Bow e Hot Blaze foram para além de donos do espectáculo, o próprio espectáculo.
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